Pegue tudo o que a sociedade ensina, separe apenas algumas coisas e aperte a descarga.






terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Incrível Garoto Invisível

 

  Conheci ontem, o Nilton. Nilton tem 13 anos, mora com a avó aposentada, não estuda por não ter condições de comprar o material escolar.
  Ele estava sentado na porta do Bradesco pedindo moedas para comprar um salgado; muitas pessoas entravam e saiam do banco fingindo não perceber o garoto que, passava aparência não de 13, mas de aproximadamente 11 anos.
   Muitos podem achar que ele estaria pedindo grana para comprar pedra, cola, o diabo a quatro. Que se foda para que ele queria o dinheiro. O que quero passar neste texto é a minha indignação diante a situação que esse e diversos garotos, são expostos todos os dias: a INVISIBILIDADE.
   Uma sociedade que não olha para crianças passando fome nas portas de seus bancos, é uma sociedade que contribui ativamente para o descaso de seus governantes.
   Assim como seu prefeito não dá a mínima se tem quem lhe atenda bem nos hospitais sustentados por seus impostos , você não dá a mínima para o Nilton, o João, a Camila, o Pedro, passando fome na esquina da sua casa. A sociedade tem o líder que merece.
   Enquanto você não entender que a sociedade é feita pro VOCÊ e fizer a sua parte nela ao invésde apenas abrir a boca para reclamar, você vai ser apenas mais um invisível; como as crianças que lhe "incomodam" ao pedir ajuda e você faz questão de não ver, não ouvir, não ajudar.
   A sociedade é feita por você. Deixe de ser INVISÍVEL e faça algo por quem você se permitiu ENXERGAR.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sexta de brisa




            Acredito não haver questionamento a respeito do “efeito aglutinador” que a erva nos proporciona. Conhecemos pessoas da maior diversidade ao formarmos uma roda para fumar.
Ontem tive uma experiência no mínimo inesperada, provocada por esse efeito, que sempre que tenho a chance promovo de maneira positiva.
Sem maiores enrolações , vamos ao ocorrido ontem. Ao formar uma roda e acender um, aproximou-se de nós e pediu para também fazer a cabeça, um senhor, carregando consigo seus 61 anos de vida. Não poderia eu jamais, perder a oportunidade de conversar com esse senhor.
Ele nos disse que a primeira vez que fumou um, foi no ano de 1972, período em que o Brasil era encontrado em um maldito regime militar. Disse-nos mais, foi expulso do exército brasileiro por conta disso.
Seu irmão também serviu ao exército e nele permaneceu. Atuou na repressão de “subversivos” durante o governo Geisel. Nosso senhor fumante afirma ter assistido em secreto, reuniões que definiram planos de ataque e morte a comunistas – muitas das vezes estudantes – em uma chácara de sua família. Assistiu a morte por um tiro na cabeça de um “subversivo” que lutava, que bravamente lutou, para a liberdade que hoje temos e covardemente não desfrutamos corretamente, liberdade de escolher quem nos governará. Liberdade que deveria nos fazer cabeças de nosso país, mas nos faz cauda, por infinitos motivos que se resumem basicamente em conformismo. Mas enfim, isso é assunto de outros textos.
Ontem fumei com um senhor de 61 anos. Um senhor que viveu e teve envolvimento familiar nos anos de chumbo.
Ontem fumei com olhos que viram a morte de verdadeiros guerreiros. Olhos que como os meus ficaram vermelhos, que como os meus apreciam a fumaça branca subir para a mente e expandi-la a realidades, verdades e viagens, que fazem de nós o que escolhemos ser, o que nos permitimos conhecer, o que nos permitimos ser: MACONHEIROS.